O poder de uma história

O poder de uma história

Conforme prometido, vou começar uma retrô sobre o que rolou na #SXSW2019. E… também como prometido, o primeiro capítulo é sobre o caso da Susan Fowler, ex engenheira da Uber.

Pra quem não lembra, foi ela quem acionou a suprema corte americana, sobre os abusos sexuais na Uber, e como eles eram “aceitos” dentro da política da empresa, o que posteriormente acabou resultando na saída do seu antigo CEO, cujo nome nem sequer vou mencionar.

Esta foi a primeira vez que ela falou em público, após se afastar do Vale do Silício, por conta de tudo que ocorreu.

Hoje, ela é editora do New York times para temas relacionados a tecnologia.

Pontos chave

Dentre as muitas coisas que ela mencionou, a primeira que me chamou a atenção foi o que ela chamou de decadência do Vale do Silício, que nas palavras dela, parecia como a “Roma antiga”, com seus imperadores autoritários, e comportamentos questionáveis.

Seja melhor do que você ontem. Seja sempre uma pessoa melhor e melhor . Só assim, a gente move o mundo pra uma situação e um futuro melhores.

O luxo, ganância e poder guiam as grandes empresas, com suas sedes imponentes, espaços grandiosos e investimentos milionários. Não é mais como “era antigamente”, tendo perdido o charme e o glamour da inovação do passado.

Já dentro da Uber, mencionou que uma vez que os abusos começaram a acontecer, ela de imediato começou a levar os temas para seus gestores, e para o RH, o que foi completamente ignorado. Por vezes, inclusive, tendo a culpa imputada a ela, conforme seu relato.

O boicote posterior, por conta desses acontecimentos, acabou fazendo com que gradualmente sua avaliação de performance dentro da Uber fosse sendo penalizada – já que era uma causadora de problemas – o que fez com que ela saísse em definitivo, algum tempo depois.

Machismo

Além do problema do abuso em si, alguns outros exemplos foram citados por ela.

Talvez o mais icônico tenha sido um sobre alguns brindes, que seriam distribuídos aos funcionários da Uber.

Lá, como na maioria das empresas de tecnologia, infelizmente existe uma falta de balanceamento de gênero, sendo a grande maioria das pessoas de engenharia, do sexo masculino. Por conta disso, a Uber fez os brindes todos, para homens, o que gerou reclamação das mulheres de lá, o que foi de imediato, rechaçado pelos líderes.

O que parece um exemplo bobo, foi segundo ela, mais um exemplo do Machismo institucional que reinava por lá.

Era pós Trump

Ainda segundo ela, a eleição do Trump, fez com que diversos grupos saíssem do anonimato, e gerassem engajamento por lá, como foi o caso dos atores e atrizes de Hollywood, imigração e questões raciais no Vale, latinos e etc.

Isso foi um dos fatores que a ajudou a superar toda a pressão que ela sofreu, ao abandonar a Uber.

Mensagens finais

Depois de relatar toda sua história, ela trouxe algumas reflexões pra plateia, e embora eu não goste de listas, aí vai:

  • Há mais gente boa do que ruim no mundo. A rede de pessoas que a ajudou a tomar coragem na hora de denunciar tudo, e a suportaram posteriormente foi grande.
  • Não adianta ter todo o check list de diversidade na sua empresa. Tudo isso existia na Uber, mas na hora H, os problemas eram delegados aos times que os traziam, culpando as pessoas pelos problemas estruturais.
  • Não precisa ser um ativista, para mudar o mundo. Se cada um fizer sua parte, o mundo já vai ser muito melhor.
  • As mudanças não acontecem na forma de grandes eventos. Acontecem gradualmente, e em geral, só quando olhamos pra trás, somos capazes de identificar tudo que se transformou.
  • Palavras podem mudar o mundo!

Pra quem quiser conhecer o início de tudo, basta clicar aqui, para cair no post onde ela falou sobre tudo isso, em seu blog.

Valeu gente! Em breve, tem mais coisa por aqui!

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